As fotografias dessa exposição virtual foram tiradas no período compreendido pelos quatro últimos anos, tendo como sítios várias localizações no Estado de Rondônia, onde moro com minha mulher e filhas.
Nelas, procurei registrar aquilo que os olhos, de fato, não viram, pois elas se originaram da mediação das lentes e sistemas digitais de câmeras. As imagens reais, tais como vistas e apreendidas pela retina e registradas na memória, se perderam há muito, sendo substituídas por novas imagens e novos esquecimentos como o fluir de um rio que, à jusante e montante, não tem fim…
Mas o que foram registras nessas fotos?
Imagens prosaicas de árvores as mais variadas e que são endêmicas na região. Ipês, castanheiras, paineiras etc, nos mais variados estágios de floração e de desfolhação, umas desde o pé até a copa, outras da copa somente.
Haveria um porquê determinante para eu tê-las tirado? Há quem ligue uma intencionalidade em toda obra, e por tal, uma necessidade de análise psicológica, de forma a extrair uma razão última a desvelar originalidade. Nesse caso, digo, isso não é necessário, pois o que me moveu a tirar essas fotografias foi a ideia absurda de que a beleza que eu nelas vi pudesse ser compartilhada e vista por outros também.
Na verdade, nós nos acostumamos, por motivos vários, a andar curvados sobre nós mesmos: por tristeza, tédio, opressão social ou uso reificante de celulares. Esse estar curvado sobre si mesmo impede o contato visual com o outro, seja ele quem for, bem como, por átimo que seja, de ver a beleza natural que nos cerca.
Essas imagens surgiram disso: do cansaço de estar e andar curvado, de modo a liberar o corpo de um peso desnecessário e poder ver o que há ao redor.
Isso basta?
Bem, ver a copa de um ipê roxo ou amarelo em plena floração, ou uma paineira desfolhada, com alguns poucos botões de flores é uma belezura, e bastam por si mesmas.
Então sim, para mim bastou, e é essa liberação de sentidos e do corpo que está registrado nessa exposição.
Terras de Rondon, verão amazônico de 2020.

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